quinta-feira, junho 08, 2006

Não tenho Tempo!

Há vários anos atrás, vi o Victor de Sousa declamar um poema acho que no Parabéns ou qq outro programa do Herman, ainda na RTP1... tenho a ideia que se chamava "Não Tenho Tempo", mas nao tenho a certeza se é isso...
andei a procurar na net e o mais parecido q encontrei foi este, q provavelmente é o mm mas tem expressões brasileiras q nao me lembro de ouvir no poema declamado pelo Victor, se alguém souber doq estou a falar que diga... de qq maneira aqui fica ele, para todos os q nunca têm tempo, a ver se começam a arranjar:




NÃO TENHO TEMPO

Sabe, meu filho, até hoje não tive tempo para brincar com você.
Arranjei tempo para tudo, menos para ver você crescer.
Nunca joguei dominó, dama, xadrez ou batalha naval com você.
Percebo que você me rodeia, mas sabe, sou muito importante e não tenho tempo.

Sou importante para números, conversas sociais, uma série de
compromissos inadiáveis...
E largar tudo isso para sentar no chão com você... Não, não tenho tempo!
Um dia você veio com um caderno da escola para o meu lado. Não
liguei, continuei lendo o jornal. Afinal, os problemas
internacionais são mais sérios que os da minha casa.

Nunca vi seu boletim nem sei quem é a sua professora. Não sei nem
qual foi sua primeira palavra; também, você entende... Não tenho tempo...

De que adianta saber as mínimas coisas de você se eu tenho outras
grandes coisas a saber?

Puxa, como você cresceu! Você já passou da minha cintura, está
alto! Eu não havia reparado nisso. Aliás, não reparo em quase
nada, minha vida é corrida.
E quando tenho tempo, prefiro usá-lo lá fora. E se o uso aqui,
perco-me diante da TV. A TV é importante e me informa muito...

Sabe, filho, a última vez que tive tempo para você, foi numa
cama, quando o fizemos!

Sei que você se queixa, que você sente falta de uma palavra, de
uma pergunta minha, de um corre-corre, de um chute na bola. Mas
eu não tenho tempo...

Sei que você sente falta do abraço e do riso, de andar a pé até a
padaria, para comprar guaraná. De andar a pé até o jornaleiro
para comprar "Pato Donald". Mas, sabe, há quanto tempo não ando a
pé na rua? Não tenho tempo...

Mas você entende, sou um homem importante. Tenho que dar atenção
a muita gente. Dependo delas... Filho, você não entende de
comércio! Na realidade, sou um homem sem tempo!

Sei que você fica chateado, porque as poucas vezes que falamos é
monólogo, só eu falo. E noventa por cento é bronca: quero
silêncio, quero sossego! E você tem a péssima mania de vir
correndo sobre a gente. Você tem mania de querer pular nos braços
dos outros... Filho, não tenho tempo para abraçá-lo.

Não tenho tempo para ficar com papo-furado com criança. Filho, o
que você entende de computador, comunicação, cibernética,
racionalismo? Você sabe quem é Marcuse, Mc Luhan?

Como é que vou parar para conversar com você? Sabe, filho, não
tenho tempo, mas o pior de tudo, o pior de tudo é que...
Se você morresse agora, já, neste momento, eu ficaria com um peso
na consciência, porque, até hoje, não arrumei tempo para brincar com você.

E, na outra vida, por certo,

Deus não TERÁ TEMPO de me deixar, pelo menos, Vê-lo!


(Autor: Neimar de Barros)

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Nino...
Bem, ou estás mt profundo!!...
Ou ,será que tens deixado para trás, imensas coisas pq ñ tens tempo??!!!
O tempo, esse nunca volta atrás...

Beijos e BFS:))
Stel@

Lua disse...

Somos viciados nas horas.
Deixamos a vida perder o sentido em função de um ritmo doentio... perdemos os minutos...segundos... do tempo que já passou...
Saudade do que não fiz... e jamais poderei fazer...
Resta-me o amanhã...

Beijinho ;))